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Stuart Schuffman

Stuart Schuffman

Stuart Schuffman, conhecido como Broke-Ass Stuart (Stuart, o quebrado), é um superblogueiro de viagens que construiu uma marca partindo da ideia de que você não precisa ter uma montanha de dinheiro para se divertir. Desde o início dos anos 2000, ele tem como meta descobrir locais interessantes escondidos em sua cidade natal, São Francisco, e em cidades como Nova York, San Diego, Detroit, Austin e em toda a Europa como colaborador de longa data da bíblia dos mochileiros, "Lonely Planet". 

Ao longo dos anos, Stuart publicou vários guias de aventura urbana que estão entre os mais vendidos, dedicados a "garçons, poetas, assistentes sociais, estudantes, artistas, músicos, mágicos, matemáticos, maníacos, tiroleiros e todos aqueles que querem aproveitar a vida, não como uma pessoa rica, mas como uma pessoa real."

Mas chamar Stuart de escritor de viagens é subestimar o talento dele. Ele é um criador da Web: apresentador de programas de TV, profissional de marketing, administrador de mídia social, editor e escritor, tudo junto e misturado. 

Lançado em 2009, o site Brokeassstuart.com evoluiu de um guia local com pontos metropolitanos interessantes para uma potência cultural com uma equipe editorial que fala sobre política, notícias, música, artes e cultura na Bay Area e além. O mais impressionante é o fato de Stuart ainda atuar como o "Editor In Cheap" do site ("editor-barato", numa brincadeira com o título de editor-chefe em inglês). Além disso, ele escreve e produz curtas de comédia, shows ao vivo e séries independentes que seguem de onde parou o show "Young, Broke, and Beautiful", que foi ao ar no canal IFC, no início da década de 2010.

"Para mim, a vida é um projeto artístico", diz ele. Mas também é um trabalho. E é aí que as coisas ficam interessantes.

Conversamos com Stuart para saber como ele aprendeu a navegar nesse mundo de criadores da Web que está em constante mudança.

O que faz de alguém um criador da Web? Como é o dia a dia?

É qualquer um que seja burro o suficiente para se conectar, dia após dia, por algo que ama e que quer compartilhar com outras pessoas. Digo "burro", porque é um jeito ruim de ganhar a vida, mas se essa não é sua principal preocupação, é super gratificante nos outros aspectos. 

Quanto ao dia a dia, as coisas viraram de pernas para o ar desde a chegada da COVID. Mais de 50% da nossa receita desapareceu da noite para o dia. Então, ultimamente, o jeito foi tentar descobrir maneiras criativas de financiar essa coisa. Acho que era assim que eu passava muito do meu tempo antes, mas agora é ainda mais terrível. 

Porém, em um dia normal, eu edito e publico o trabalho de outras pessoas, escrevo artigos, divulgo o conteúdo que criamos nas mídias sociais, faço vendas, marketing e desenvolvimento de negócios e respondo a uma quantidade imensa de e-mails. O problema de administrar sua própria empresa de mídia independente é que eu e meu parceiro temos que exercer 30 funções diferentes. Mas pelo menos eu não tenho um chefe idiota com quem tenho que lidar, então vale a pena. 

Como você entra no ritmo? O que inspira você no dia a dia para liberar sua energia criativa?

Pela manhã, reservo mais ou menos uma hora para assistir Netflix e ir acordando devagar. Assim, fico pronto para trabalhar sem me sentir pressionado para começar. Quanto à inspiração, fico sempre atento e me inspiro no incrível conteúdo criado por nossos escritores e editores. Eles me fazem sentir tanto orgulho que publico as ideias deles. Na verdade, essa é uma das coisas que eu mais gosto em relação ao meu trabalho: posso amplificar as vozes que nem sempre são ouvidas.

Porém, fico mais entusiasmado quando estou criando coisas novas. Para mim, a vida é um projeto artístico. Só nos últimos cinco anos mais ou menos, criei e apresentei sete episódios de um programa noturno ao vivo, lancei uma websérie, ganhei o "melhor site local" algumas vezes, lancei um zine e concorri a prefeito de São Francisco. Estou trabalhando em alguns projetos novos e legais que ainda estão em andamento.

Conte um pouco sobre sua jornada. 

Faço o Broke-Ass Stuart há cerca de 16 anos, então é uma LONGA história. Mas vou contar a versão resumida. 

Logo depois de terminar a faculdade na Universidade da Califórnia em Santa Cruz (UCSC), eu estava trabalhando em uma loja de doces em North Beach. Um belo dia, um cara que eu conheci em San Diego, onde cresci, entrou com a mulher que hoje é a esposa dele. Ao sair, ela me deu um cartão de visitas que dizia que ela era uma escritora de viagens. Eu pensei “Quero ser um escritor de viagens” e decidi que seria. 

Lancei meu primeiro zine, o Broke-Ass Stuart’s Guide to Living Cheaply in San Francisco (Guia de como viver com pouco dinheiro em São Francisco do Broke-Ass Stuart, em tradução livre) naquele verão (era 2004). Ele fez sucesso, então lancei uma versão ampliada no ano seguinte. Com ele, ganhei o prêmio “Best of the Bay” e alguma notoriedade. Fiz o zine chegar às mãos de uma pessoa do site Lonely Planet, eles gostaram e eu acabei viajando à Irlanda para escrever sobre o país para eles.

Eu queria continuar fazendo o Broke-Ass Stuart, mas também queria seguir adiante e acabei descobrindo um negócio de livros na lista de classificados Craigslist. No fim, escrevi três livros. Um de São Francisco, um de Nova York e outro que valia para qualquer outro lugar nos EUA. 

Depois, em 2011, tive um programa de viagens para a TV no canal IFC chamado Young, Broke & Beautiful. Foi incrível. Porém, o tempo todo eu estava construindo o site para ser um destino artístico e cultural. Assim, com o crescimento da minha popularidade, o site também crescia. É claro que concorrer para prefeito também ajudou.

Agora, somos um dos sites mais influentes na Bay Area para artes, cultura, vida noturna e ativismo. Tem sido uma jornada incrível.

Quais são as melhores e piores partes do seu trabalho?

Amplificar vozes que nem sempre são ouvidas, informando e entretendo centenas de milhares de pessoas por mês, é a melhor parte, com certeza.

E a parte mais difícil, como você pode imaginar, é tentar manter essa coisa funcionando. Comecei tudo isso para ser um cara da arte, mas de alguma forma, acabei sendo um homem de negócios por necessidade. Sou muito melhor em criar coisas engraçadas e bonitas do que em ganhar dinheiro. Mas acabo tendo que passar mais tempo sendo um cara de negócios do que criando coisas. Sou mais feliz quando estou criando.

Stuart standing in front of a crowd with his arm up in the air

Para resumir, qual é o objetivo principal do seu site? 

Eu costumava me preocupar mais em ser famoso, mas com a idade, isso não importa muito. Eu só quero criar coisas que, espero, tornem o mundo um lugar melhor. O ativismo é uma grande parte do que fazemos no BrokeAssStuart.com. Ao longo dos anos, arrecadamos centenas de milhares de dólares para várias causas e instituições beneficentes. Conseguimos mobilizar dezenas de milhares de pessoas para protestar contra as muitas injustiças que assolam o mundo. Nossos guias para eleitores chegam a ter 30 mil visualizações. E também fazemos muitas piadas sobre peidos. Temos que manter o equilíbrio.  

Algum conselho para alguém que está começando?

É importante se perguntar se você quer mesmo ganhar a vida fazendo o que ama. Tenho certeza de que sua primeira resposta será "Dãn! Claro!", mas pense bem nisso. Você está usando algo que traz prazer e emoção e transformando em um trabalho. Em muitos dias, vai ser simplesmente um trabalho, e isso é algo que você precisa aceitar.  

Outro conselho rápido: forme seu público antes de tentar gerar receita. As pessoas precisam amar o que você faz e acreditar em você antes do envolvimento do dinheiro.   

Eu poderia falar sobre isso o dia inteiro. Na verdade, eu já dei uma palestra sobre como "transformar a atividade secundária na principal" várias vezes, inclusive na Assembléia Geral e na conferência anual do Patreon (plataforma que oferece ferramentas para criadores). Portanto, se houver interesse, posso dar uma palestra para você e seus amigos ou colegas de trabalho e podemos combinar um preço.